Quando o amor virou comércio: a história de Anna Jarvis, a criadora arrependida do Dia das Mães

Filadélfia, 9 de maio de 1905 – O falecimento de Ann Jarvis, ativista social dedicada à saúde e à dignidade das mães na Virgínia, marcou não só sua família, mas também a história das datas comemorativas. Três anos após a perda, sua filha, Anna Jarvis, iniciou uma campanha para criar um dia especial em homenagem às mães, escolhendo o segundo domingo de maio para manter a celebração próxima ao aniversário de morte da mãe.
O movimento ganhou força rapidamente: em 1908, a primeira cerimônia oficial foi realizada na Igreja Metodista de Andrews, na Virgínia Ocidental, e, em 1914, o presidente Woodrow Wilson assinou a lei que tornaria o Dia das Mães um feriado nacional nos Estados Unidos. O gesto, inicialmente pensado como um tributo sincero à maternidade, logo se espalhou pelo mundo, inclusive pelo Brasil, onde a data foi oficializada em 1932.
Porém, o que começou como uma homenagem singela se transformou em uma das datas mais comerciais do calendário. Anna Jarvis, que dedicou anos de sua vida à campanha, ficou profundamente incomodada ao ver o Dia das Mães ser apropriado pela indústria de flores, cartões e presentes. “Ela nunca quis que se tornasse um dia para dar presentes caros e onerosos”, relata a historiadora Katharine Antolini. Inconformada, Anna tentou reverter o feriado, mas não teve sucesso.
Sem filhos e sem ter lucrado com a data, Anna Jarvis passou seus últimos anos lutando para resgatar o significado original da celebração: uma homenagem genuína ao trabalho materno e ao vínculo familiar. Sua história permanece como um lembrete de que até as melhores intenções podem ser distorcidas pelo tempo e pelo comércio.
O Dia das Mães, criado para honrar o amor materno, tornou-se um reflexo das contradições entre afeto e consumo, e a própria criadora foi sua maior crítica.
Compartilhe esta história com quem você conhece!
1 pessoas já leram esta história